No Pelô
Posted(Faz de conta que esse texto foi postado há dois dias, no caso, segunda feira 17-08-09, tá?)
No outro lado da cidade, onde a essência da mesma se traduz, percebo-me parada bem no meio de uma das estreitas ruas de paralelepípedos. Cá estou, numa atípica segunda-feira de agosto, em pleno centro histórico de salvador- o Pelourinho. Olho para os lados e lá estão os caraterísticos guardinhas fardados em cada esquina. Confesso que eu gostaria que não fosse necessário tantos deles, já que a função básica delegada é, certamente, proteger os turistas dos "moleques de rua", em sua maioria. Muitos, moradores do próprio bairro e nossos conterrâneos. Enfim...
Sozinha, decido adiar um pouco a minha volta para casa e caminho em direção ao Largo do Cruzeiro de São Francisco. No percurso, deixo-me levar pela magia envolvente desse lugar que nós, baianos, já olhamos com olhos tão acostumados. Agimos como se o batuque que ecoa dos antigos casarios 365 dias por ano não fosse especialmente encantador dentre tantas outras particularidades nossas - exploradas em demasia, admito - como as cores, o cheiro de dendê, o turbante da baiana de acarajé e o sorriso e gingado dos nossos negros e mulatos.
O Pelourinho não pára, não dorme. Os comerciantes e vendedores ambulantes, ou mesmo artistas de rua tentam sugar a qualquer custo algo dos transeuntes, geralmente turistas branquelos, esguios e de língua enrolada ao esboçarem tímidos "não, obrrrigádow".
Ao me sentar numa charmosa lanchonete, peço um capuccino médio, saboreio aquela delícia polvilhada de canela e assumo a posição de humilde espectadora por alguns instantes. Surpreendentemente, constatei, há uma grande semelhança entre os estrangeiros e nós: quem vai ao Pelourinho percebe-se numa íntima busca à tão comentada baianidade nagô. E ali eu estava: uma baiana querendo se abaianar.
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on 10:25 PM
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Eu não vou mais dizer nada! Precisa?
Encantadora de palavras, qnd venho aqui dá uma saudade... de vc!
Beijos e n muda nc ta??
Oi Liz,
Não, a maioria dos "moleques de rua" no Pelô não são moradores do próprio bairro mas com certeza são nossos conterrâneos. Enfim...
O programa "Salvador Cidadania" deveria olhar muito mais para eles pois além de desamparados, muitos (senão todos) ainda sofrem com o vicio do "crak".
Se abaiane, nêga !
Rss...
Beijos
Oi anônimo!
Que bom que entendeu as aspas, porém, não prestou muita atenção às vírgulas!
Tô me abaianando! Um pouquinho mais... rs
;)
Li, li de novo e li mais uma vez e confesso que todas as vezes entendi que o que você quis dizer foi que muitos são do pelô, hora nenhuma afirmou que a maioria é de lá. No caso, o "em sua maioria" foi referente a ação dos policiais.
Adorei o texto querida, como sempre, fez juz ao seu poder de observação nato!
Parabéns! Pra ficar mais baiana só falta puxar o sotaque, mas entendo que o tenha perdido por causa da TV e rádio. (risos)
Grande beijo!
Simples, curta, mas bastante abrangente descrição do Centro Histórico de Salvador.