Embaçados  

Posted by: Liz Silveira


Eu tento

vou

eu vou e durmo

então acordo

- cedo -

mexo

remexo

futuco meus olhos

esfrego com os dedos

mas não

não adianta

não desembaçam


a visão é turva

nada nítida

nem se eu os molhasse

nem se chovesse em cima deles

sequer enxergariam...

não adiantaria

eles não desembaçam.

Nada, nada...  

Posted by: Liz Silveira


Tem-se muito

Não há nada


Pensa-se

Deseja-se

Almeja-se

Mas nada é


Não vai, nem vem

Em dois passos... nenhum


Sussuro

silêncio

ou grito

...tanto faz.


Não existe nada

nada mais

nada A mais.

Perde e ganha  

Posted by: Liz Silveira


Vou ganhando

vou perdendo.


Não quero uma coisa,

tampouco a outra.


Perde-se o ar quando respira

Perde-se a razão quando transpira

Perde-se a voz quando sussurra

perde-se o chão quando se atira.


Perder...


Ganhar...

Meu trago  

Posted by: Liz Silveira


Num trago

num passo

num vento de aço


A fumaça desbotada

se refaz no paladar


Derruba-me

atira-me...

arranca-me as guias


Na perfeição de um disfarce

como quem não quer nada

se desmancha no ar

e então volto a tragar.