Dois anos de DUDA!  

Posted by: Liz Silveira


Há exatamente dois anos estávamos iguaizinhos a hoje. Em clima de festa!


Há dois anos, o mundo parecia mudar de cor lentamente. Mal sabíamos, mas nossas vidas mudariam por completo - para melhor! Muito melhor...


Há dois anos ELA nasceu. A minha, a nossa princesa Maria Eduarda!


Tão querida e tão esperada, mal sabia, já existia em nossos pensamentos há tanto tempo... Pouco me importava que cor seriam seus olhinhos ou seu cabelo. Seria branquinha ou moreninha? Não sei! Agitada ou introspectiva...? Ah, quem se incomoda?


Mas uma coisa sempre soube: você viria!


Há dois anos, no dia 31 de julho de 2007 fomos correndo ao hospital testemunhar a sua grande chegada. Surpreendentemente, não veio sozinha. Trouxe consigo um turbilhão de emoções, as quais jamais foram embora. Trouxe consigo um grande ensinamento: o amor PURO e verdadeiro.


Como pode um ser tão pequeno e inocente, tão pouco experiente... um ser que jamais havíamos sequer tocado, cobrir-nos daquele êxtase repleto de amor e alegria.


Lágrimas caíam dos olhos alheios, filmes passavam em cada cabeça. Enfim, ali estava a nossa princesa.


Hoje estamos todos juntos celebrando a primeira neta do nosso clã. O nosso presentinho de Deus que tanto nos emociona e anima aos finais de semana com suas descobertas acerca da vida. Seus pequenos grandes passos, sempre aplaudidos por esta pequena platéia, estarão para sempre guardados. É lindo ver você enxergar o mundo do seu jeito e transformar o nosso sem querer. É lindo perceber seu desenvolvimento e perceber, junto a ti, QUEM É VOCÊ. Essa caixinha de pandora que a cada semana nos surpreende!


Hoje você só tem dois anos, afilhada amada... mas, como constatamos, o tempo urge! Logo mais estará grande e linda, um dia talvez até distante, quem sabe? Mas uma coisa eu digo, jamais deixará de ser a nossa menininha...




- Dindinha, essa música embalou meu sono quando era pequena e já cantei muito pra você:




Menininha do meu coração


Eu só quero você


A três palmos do chão


Menininha, não cresça mais não


Fique pequenininha na minha canção




Senhorinha levada


Batendo palminha


Fingindo assustada


Do bicho-papão




Menininha, que graça é você


Uma coisinha assim


Começando a viver




Fique assim, meu amor


Sem crescer


Porque o mundo é ruim, é ruim


E você vai sofrer de repente


Uma desilusão


Porque a vida é somente


Teu bicho-papão




Fique assim, fique assim


Sempre assim


E se lembre de mim


Pelas coisas que eu dei


E também não se esqueça de mim


Quando você souber enfim


De tudo o que eu amei




Valsa Para Uma Menininha - Toquinho e Vinícius de Moraes

As Praias Desertas  

Posted by: Liz Silveira




As praias desertas continuam esperando por nós dois


A este encontro eu não devo faltar


O mar que brinca na areia está sempre a chamar


Agora eu sei que não posso faltar



O vento que venta lá fora


O mato onde não vai ninguém tudo me diz


Não podes mais fingir


Porque tudo na vida


Há de ser sempre assim


Se eu gosto de você


E você gos...ta de mim


As praias desertas continuam esperando por nós dois






Tom Jobim

Fatal  

Posted by: Liz Silveira






Numa das noites que denomino minhas, só minhas e de mais ninguém, resolvi voltar ao bom e velho costume de alugar um filme e assisti-lo madrugada adentro na companhia de uma bela barra de chocolate ao leite. Ainda na videolocadora, passei o olho rapidamente nas prateleiras hollywoodianas, mas nenhum dos protótipos comerciais mexeram muito com a minha curiosidade... juro que tentei!


Enfim, o escolhido foi o recém lançado Fatal, na direção da espanhola Isabel Coixet. Foram quase duas horas de olhos presos à tela da TV, cabeça hiperativa e coração ora acelerado, ora apertado. Não esperava e nem o enredo prometia mas, ao final, sim: uma(s) lágrima(s) caiu(íram), não nego.

Você pode alugar este mesmo filme e não gostar. Ou até decidir rir em vez de chorar. Ou, ainda, dormir impaciente às delongas dos personagens.

Um filme extremamente intimista, cuja produção e roteiro minimalistas narram a vida de um famoso professor de 65 anos que jamais havia se entregado à paixão. De repente, uma jovem 30 anos mais nova aparece em sua vida e quebra todas as regras deste eterno solteiro. Um misto de sedução, romance, ciúme e drama compõem o clima desta trama. Mas não é só isso, há muito mais.

Às voltas com o aflorar deste sentimento, antes tão repugante aos olhos do cultíssimo David, percebemos detalhes comuns ao nosso redor. Frases chave como "A beleza está nos olhos de quem a vê" ou "As mulheres bonitas são invisíveis" começam a fazer sentido a partir do momento em que um romance, aparentemente previsível, dá uma reviravolta impressionante. Reviravolta não no sentido de que as situações se invertem e tudo muda de lugar. Refiro-me à real simplicidade do que realmente estava acontecendo entre os dois, mas estereótipos, medos e orgulho os fizeram cegar.

O que me entristesse é que, de todas as resenhas e críticas que li sobre Fatal, nenhuma delas explorou a alma do filme. Todas se restringiram ao clichê da obssessão sexual entre o professor e a aluna. Sim. Isso existe durante todo o filme. Forte erotismo, sentimento de posse doentio... Mas não é isso.


Assistam. Vale à pena para quem se interessa pelos verdadeirs labirintos que são os sentimentos e razões humanas. Agora... se estiver procurando sexo explícito barato, vá a outra sessão. Aquela proibida para menores de 18 anos...

Cadê a gentileza?  

Posted by: Liz Silveira





Tenho visto tanta grosseria, tanta falta de educação e cortesia...
Imagino que a vida se torna tão mais bonita e os problemas tão menores - ou mais facilmente contornáveis - quando exercitamos a boa convivência. Não há regras, basta agir com respeito ao próximo (alguns clichês se fazem necessários, sim). Gentileza gera gentileza... ou ao menos deveria.

Eu sei que não dá para ser um favo de mel 24h por dia, aliás, eu BEM sei! Mas sempre que possível, devemos tentar. Cavalheirismo não saiu de moda. Infelizmente, só está em desuso ou em stand by. As mulheres não perderam a feminilidade, a fragilidade e a doçura. Só tentamos vestir uma carapuça de Joana D´arc às vezes, pois a vida nos forçou a sermos assim. Pequenas porções de carinho - ou como quiserem chamar - podem mudar o dia de alguém. Disseram-me isso ontem, quando comprei um capuccino numa cafeteria e puxei uma breve conversa com a mocinha que ficava atrás do balcão. Contei-lhe como tinha ficado gostosa a bebida do jeito que ela havia preparado. Dali desencadeei mais uns dois ou três assuntos frívolos do cotidiano. De repente, de calada e discreta, ela se transformou em falante e sorridente. Depois me disse que não costumavam conversar com ela, exceto para reclamarem dos seus serviços.

Pronto. Aquilo foi o suficiente para que, ao menos, quinze minutos de bem estar fossem garantidos para nós duas. Mal sabe ela... Parece bobo, não?

Hoje uma amiga me confidenciou que estava aborrecida com o namorado e que estava pensando seriamente em conhecer outras pessoas. O motivo? Ela respondeu:

- "sempre que vou vê-lo me apresso no trabalho para dar tempo de ir ao salão fazer pé e mão (R$20,00), cabelos (R$30,00) e depilação completa (R$ 80,00). Depois volto louca para casa me perfumar, maquiar, escolher lingerie e uma roupa bonita. Isso quando não passo o dia à base de café e tic-tac para dar uma emagrecida emergencial! Tudo isso fora as outras milhões de coisas que tenho que pensar e gastar, como cor do esmalte, raiz do cabelo crescendo, retoque das luzes, ataques histéricos na frente do espelho... Tudo isso para o filho da puta chegar com aquela cara de corno manso dele, vestindo aquela calça que ele tem há, no mínimo, dois anos, uma camiseta qualquer, sapatos (quando usa), um perfuminho e pronto. Às vezes nem barbeado está! Fica ali, escorado na porra do banco com a cara dele de cansado e às vezes até bêbado. Nem finge que percebeu como estou. Nem para criticar, quanto mais um uau, você está maravilhosa, linda, magnífica! Ele nunca me elogia. Nem no meio da noite, nem quando puxamos um papo em que eu seja o assunto - o que é raro. Agora... ele sabe me dizer quando engordei, quando minha roupa está curta ou quando não gostou do esmalte vermelho. A menina da outra mesa ele sabe dizer como é bonita ou então a atriz daquele comercial. Mas eu não. Sou sempre uma porta, uma muleta... qualquer coisa em que ele se escore!"

Bem... isso é o que consigo e posso relatar. Fora as reclamações sexuais (conteúdo impróprio), cotidianas(programinhas a dois em casa ou em lugares bonitos), românticas (cartas, surpresas, flores, portas, carinhos, etc) ou assistenciais(ligações, preocupações, mensagens, companheirismo, etc). Enfim... o bicho pegou. Mas fiquei cá com meus botões... será que ele sabe disso? Ou será que as atenções dele estão tão voltadas para o seu próprio umbigo que ele nem percebe o zé bosta que está sendo? Bem... vai perceber quando ela tomar um chá de sumiço e ele um pé na bunda! Ou quando, simplesmente, um Ricardão sedutor e atencioso topar com ela no meio da rua e resolver lhe dar um bom dia olhando-a nos olhos...

Outro exemplo é a relação porteiro-condômino, aluno-professor, amigos, chefes-funcionários, pais-filhos, irmãos...

O exemplo homem-mulher supracitado foi extremo, eu sei. Mas é bom percebermos com os exemplos alheios que quando prestamos mais atenção aos nossos atos e fazemos o bem sem olhar a quem, ou nos esforçamos MESMO para quem merece, essa felicidade volta em dobro para nós.

Antes de me debruçar sobre o meu computador, estava pensando e tentando fazer uma auto-avaliação. Como falhamos neste aspecto! Como deixamos de fazer pequenas grandes coisas por nada...

Esquecemos de dizer a um amigo o quanto ele é especial, a um irmão o quanto o admira, aos nossos pais o quão gratos somos por tudo, a um amor (se o tiver) o quanto o ama e o que ele representa em sua vida, a uma criança como ela é esperta e até nossos bichinhos merecem. Mas, neste caso, um carinho na cabeça basta, rs!

Para começar, sugiro um pequeno exercício: Bom dia, muito obrigado e posso ajudar? Já são um bom começo...






O Bicho Homem  

Posted by: Liz Silveira


Nessa terra de Bicho Homem bom mesmo é partir pro espaço.

O Bicho Homem parece um sangue suga que nem sabe sugar;

O Bicho Homem assume várias formas e aparece em todo lugar;

É um bichinho feio, pequeno e travestido.

Sempre disfarçado, ninguém o percebe. Ninguém o vê.
É como um pequeno verme que, ao se deparar com sua inutilidade, para e "pensa":
- E agora? O que fazer? Já sei, vamos adoecer os sãos!

Até que, de repente, sem ao menos procurar por ele e muito menos se preocupar... ele aparece!

E o pior, coitados, invadindo corpos de quem você nem imagina!


Tsc, tsc. Que vergonha!

 

Posted by: Liz Silveira

Pensar às vezes não é bom não. Uma coisa puxa a outra e... de repente, você começa a repensar.
Hum...

Não pensem nisso!

 

Posted by: Liz Silveira


Eu sei que o tempo é uma grande árvore

De galhos infinitos

E que o presente é o momento em que ela dá seu fruto mais bonito


Paulinho Moska

E o congresso invade o Twitter  

Posted by: Liz Silveira


E abre alas que eles também querem entrar!
Os políticos brasileiros descobriram o Twitter. Já são mais de 100 na rede social. Entre os novos internautas tem deputado, ministro, vereador e até governador (o Serra é o único - por enquanto, certamente). Para quem deseja seguir todo esse pessoal, já organizaram até uma lista atualizada com todos os perfis.
Obviamente a maioria está de olho nas Eleições em 2010 (palmas para eles, uau!), as primeiras após a reforma eleitoral que permitiu o uso da internet nas campanhas. Agora... falando sério, é muito bom para o cidadão ter um canal direto com o político. Bem... se assim fosse, ? Direto mesmo. Sem intermédios. Porém, o mais lógico a se esperar é que alguns não atualizem nem o próprio twitter, pois deixam a tarefa para os assessores... (Simbora trabalhar, rebanho de peão! É isso que dá...)
A dica então é prestar bem atenção em quem realmente conversa com os eleitores e responde às perguntas. Não vale só postar, bonitinhos, tem que interagir!

Insônia  

Posted by: Liz Silveira


Mas que raios! Agora sofro de insônia...



Meus olhos dóem de tão pesados e caídos, minha mente está lenta e minha voz rouca e arrastada, mas eu NÃO durmo.

Já contei carneirinhos, já (quase) tomei leite quente e li encostada no travesseiro. Os carneirinhos se cansaram de pular a cerquinha e foram dormir; quando fui tomar leite quente lembrei que não gosto de leite, muito menos quente! E o livro... era tão louco que mais parecia uma dose de estimulante.



Não. Não estou ansiosa, furiosa, triste ou preocupada. O buraco é mais embaixo:

Oh, céus! O problema é que eu estou acordada!














Grandeza  

Posted by: Liz Silveira


Tenho mania de grandeza. Tenho mania de achar que tudo é maior e mais relevante. E tenho achado isso da vida...

Com uma pequena e grande ressalva: quando me refiro a vida, é em relação aos que sabem mesmo viver. Aos que não despertiçam as coisas realmente boas, aos que aguçam e alimentam sua própria curiosidade pelo mundo, aos que sabem apreciar tudo o que é mínimo, tudo o que é raro e pouco falado, conhecido ou popularmente estratificado.

Tenho pena quando vejo a quantidade de pessoas superficiais por aí. Todos ouvem as mesmas músicas, lêem as mesmas revistas, idolatram os mesmos cantores e assistem aos mesmos filmes. Além de tudo, comem as mesmas comidas e se vestem sempre iguais às outras. Gestos, choros e piadas não fogem à regra. Tudo tão plastificado, tão pouco original.

Não condeno quem gosta da Sandy, do KLB ou NX Zero, não... Mas ninguém gosta, eu acho. Ouvem por que os outros estão ouvindo por aí. Que coisa! Comecem a gostar de algo por que te desperta alguma emoção, por que você admira a qualidade técnica (ou mesmo a falta dela) do artista em questão. Gostem de um escritor por que ele é irreverente, de um ator por que interpreta bem e de uma música por que, ao menos, te faz lembrar alguém. Além de tudo, por que fez história, marcou época. Enfim...


Mas, voltando ao sentido de grandeza que quis supracitar... às vezes, meia hora de uma boa e incessante conversa já bastam para que eu tome uma injeção de ânimo e volte a exercitar minha crença no ser humano. Hoje, por exeplo, renovei a minha!


De qualquer forma, às vezes ainda me sinto muito pequena diante da imensidão desse universo e das coisas ao seu redor. Sinto-me impotente, por exemplo, quando não posso satisfazer o meu desejo de compreender aquilo ou aquela coisa lá. Sinto-me impotente quando sei que existe um metrô na Rússia onde tem cartazes rebeldes originais da época da Revolução Russa e que, difícilmente, tocarei neles. Sinto-me um nada quando imagino o calor do verão de Toscana, mas só imagino, já não posso descrevê-lo. Assim como suas muitas províncias rurais ou até mesmo as cidades com lindas construções renascentistas arquitetônicas, um verdadeiro berço da civilização antiga! Pior ainda me sinto quando vejo as fotos dos bairros góticos de barcelona, com sua arquitetura exuberante, ou pisar o mesmo chão que Antoni Gaudí pisou e embelezou... Esses e tantos outros lugares mundo afora. Ocidente e oriente, norte e sul.

Outro sentido de grandeza que quis atribuir foi ao de que às vezes esquecemos de como somos felizes ou como deixamos essa tal felicidade escorrer por entre os nossos dedos como água, sempre em busca de razões ou mais, mais, mais! Quem tem a capacidade, ou ao menos um ou dois motivos para acordar de bem com a vida e rir ao final do dia, já é o suficiente para se considerar feliz; grande! Felicidade não é estampar um largo sorriso falso no rosto quando na verdade quer mesmo é xingar alguém. Ou muito menos segurar o choro quando está triste ou com dor. Quando disse grandeza, quis me referir às pequenas grandes coisas. Isso sim. Para mim é muito.

Bem, já que não posso tocar ou pisar no mundo todo, quero ao menos entender um pouco mais o meu, o seu, o nosso.


É... não posso mentir. Mesmo ainda tão sutil, tão pequeno e tão breve, esse mundinho aqui que em dias completará o frescor dos 21 anos me consome toda energia! Rs...




Ê mundão booom...

Cinema no Paseo Itaigara (?)  

Posted by: Liz Silveira


Supõe-se que que serão inauguradas ainda neste segundo semestre de 2009, duas salas de cinema no Shopping Paseo Itaigara. Supõe-se que as mesmas serão patrocinadas por uma grande empresa de telefonia. Supõe-se que o grupo Grupo Sala de Arte teria cartão verde para utiliza-las, aumentando as nossas (pouquissimas) opções de espaços dedicados a filmes de arte em Salvador.


Não sei por que, mas suponho que sejam apenas suposições...

Será que no burguesóide Itaigara há público alternativo suficiente? Além do quê, de acordo com um funcionário do Cine VI, o GSA ainda estaria em fase de captação de recursos e com dificuldades neste aspecto (oh, mas que surpresa...).


No máximo, em breve estas mesmas salas estarão inaugurando com os seguintes cartazes:

"Duro de Matar XX" e "High School Musical XV"

Nonsense  

Posted by: Liz Silveira


Às vezes é melhor não sair de casa, juro!!! Só tem doido nesse mundo... eu hein?!
Vou fazer igual aos personagens do site de humor mundocanibal.com.br, rs:

- "Eu aprendi que quando um desprovido de noção resolver me assustar a culpa é minha!!!"


humpf...

Pecado  

Posted by: Liz Silveira


Eu não acredito em muitas coisas. Nunca acreditei em sinais, terceiras dimensões, Adão e Eva e muito menos no tal do paraíso. Eu sou do tipo que acredita em macacos, Et´s e na teoria do caos e do Big Bang. Eu sempre achei o padre Quevedo uma comédia e me divirto mais com as previsões da Mãe Dinah do que com quealquer outra coisa. Sou católica e tenho meus chamegos com meus santinhos, sim. Porém, nunca entendi muito bem o que seriam os pecados... Agora eu entendo:


Pecado? Pecado seria não perceber os "céticos" sinais. Pecado seria não pereber que um olhar, muitas vezes, vale mais do que mil palavras; que um abraço desarma mais do que qualquer ameaça e que um beijo paralisa todos os nossos sentidos e devaneios. Pecado seria não tentar entender porque alguns sentimentos, de repente, nos despertam reações contraditórias (poderia a agoniazinha da saudade nos arrancar sorrisos discretos do nada?). Pecado seria não acreditar, ao menos uma vez na vida, em frases feitas sobre destino e todas as coisas "bobas" do tipo. Pecado é se fechar para o mundo quando todas as coisas - antes tão tolas - parecem sorrir para você; quando toda a leveza do mundo parece reger o seu dia a dia. É neste exato momento que penso:

- Não. Eu não vou pecar!

Sonho esquisito  

Posted by: Liz Silveira


Tenho sonhado coisas estranhas. Outra noite, sonhei algo assim:


Havia uma melodia suavemente abafada pelo som da chuva crescente. As cores eram mornas e se mesclavam com algumas nuances quentes. Tinha um cheiro de madeira e outro que ... não sei bem, mas seria muito estranho dizer que esse cheiro parecia de frio? Havia também uma janela de vidro fechada e decorada pelos pingos d´agua. A cortina branca entreaberta mexia em câmera lenta. Um barulho estranho ecoava na penumbra do ambiente. Um olhar surgia fitando um outro que parecia perdido. O clima assemelhava-se com desespero. Mas não era um desespero comum, era na garganta. Desespero com gritos abafados...


Bem. Como sempre, eu e meus sonhos estranhos e inacabados.


Partilhai-vos!




Fatal  

Posted by: Liz Silveira




Numa das noites que denomino minhas, só minhas e de mais ninguém, resolvi voltar ao bom e velho costume de alugar um filme e assisti-lo madrugada adentro na companhia de uma bela barra de chocolate ao leite. Ainda na videolocadora, passei o olho rapidamente nas prateleiras hollywoodianas, mas nenhum dos protótipos comerciais mexeram muito com a minha curiosidade... juro que tentei! Enfim, o escolhido foi o recém lançado Fatal, na direção da espanhola Isabel Coixet. Foram quase duas horas de olhos presos à tela da TV, cabeça hiperativa e coração ora acelerado, ora apertado. Não esperava e nem o enredo prometia mas, ao final, sim: uma(s) lágrima(s) caiu(íram), não nego.


Você pode alugar este mesmo filme e não gostar. Ou até decidir rir em vez de chorar. Ou, ainda, dormir impaciente às delongas dos personagens.



Um filme extremamente intimista, cuja produção e roteiro minimalistas narram a vida de um famoso professor de 65 anos - que jamais havia se entregado à paixão - é explorada. De repente, uma jovem 30 anos mais nova aparece em sua vida e quebra todas as regras deste eterno solteiro. Um misto de sedução, romance, ciúme e drama compõem o clima da trama. Mas não é só isso, há muito mais.


Às voltas com o aflorar deste sentimento, antes tão repugante aos olhos do cultíssimo David, percebemos detalhes comuns ao nosso redor. Frases chave como "A beleza está nos olhos de quem a vê" ou "As mulheres bonitas são invisíveis" começam a fazer sentido a partir do momento em que um romance, aparentemente previsível, dá uma reviravolta impressionante. Reviravolta não no sentido de que as situações se invertem e tudo muda de lugar. Refiro-me à real simplicidade do que realmente estava acontecendo entre os dois, mas estereótipos, medos e orgulho os fizeram cegar.


O que me entristesse é que, de todas as resenhas e críticas que li sobre Fatal, nenhuma delas explorou a alma do filme. Todas se restringiram ao clichê da obssessão sexual entre o professor e a aluna. Sim. Isso existe durante todo o filme. Forte erotismo, sentimento de posse doentio... Mas não é isso.


Assistam. Vale à pena para quem se interessa pelos verdadeirs labirintos que são os sentimentos e razões humanas. Agora... se estiver procurando sexo explícito barato, vá a outra sessão. Aquela proibida para menores de 18 anos...





 

Posted by: Liz Silveira

Dizem que hoje o dia está nublado. Dizem que está feio.
O vento frio e congelado acaricia nossos ombros enquanto as árvores parecem brincar de estátua, mas riem de cócegas quando os frutos caem e as fazem balançar. Os micos, um tanto tristes, passeiam por entre os galhos em busca de abrigo. De repente, não menos que cinco pássaros voam em diagonal rumo a um destino qualquer em comum. Isso tudo enquanto o sol, presunçoso e insistente, busca espantar as nuvens tão ranzinzas à procura de um espaço para reinar lindo novamente. E consegue, mesmo que em tímidos raios em forma de flechas.
Ainda assim... ainda dizem que dias assim são feios, que não há vida!
EU não diria isso...

Tradição domingal  

Posted by: Liz Silveira

Ouço um barulho. É o típico barulho da minha casa; barulho de domingo. Abro os olhos, esfrego-os com as mãos. Meu pescoço dói: novamente dormi de mau jeito. Estigo os braços, deslizo os pés sobre o lençol fininho que cobre o colchão, sempre faço isso, é sempre tão friozinho... Pego o celular, alguma chamada perdida e já passam das 10h. O barulho da casa continua, tento captar a cena do cotidiano só com o diálogo dos personagens: meu pai está saindo rapidinho para resolver qualquer coisa de última hora; meu irmão fala alto chamando a atenção de meus pais para alguma coisa interessantíssima que ele acabou de ver ou descobrir; minha mãe está mandando ver na cozinha e pede para o meu pai não demorar na rua, pois o almoço promete; meu pai liga o carro e sai; ele volta, pois esquece alguma coisa; meu irmão decide ir com ele; minha mãe, reinando na casa aparentemente vazia, pois a empregada está de folga, cantarola alguma música bem antiga com direito a notas altíssimas e gestos teatrais; silêncio; conto até cinco e ouço suas passadas nada singelas; a maçaneta do quarto se abre e ela diz:
- Filhaa... vem ficar aqui comigo, estou sozinha!
Digo que já vou em instantes, pois ainda estou em processo de acordar (preciso sempre de minutos em silêncio para isso); ela faz cara de triste mas relutantemente diz "tá bem...". Gostaria de ficar mais na cama, mas sinto remorso por deixar minha mãe se sentir "rejeitada" e rapidamente me levanto. Vou ao banheiro, faço meu ritual de banho, escovo os dentes, dou uma checada na pele, reclamo daquela espinha na testa, coloco uma roupinha velha e confortável e corro para a cozinha onde verdadeiras alquimias gastronomicas acontecem nos finais de semana.
Minha mãe me pergunta como foi a saída da noite anterior, conta que minha avó ligou e mandou beijos e reclama da bagunça que a empregada deixou nos armários, isso tudo enquanto me mostra o que está preparando e corta pedaços de banana para dar aos micos. Ela é assim, linda e irritantemente hiperativa. Levanto os paninhos que cobrem os refratários em descanso em cima da bancada da pia, reclamo da ausência de temperos e pergunto se posso incrementar as receitas. Ela dá o aval, mas pede que eu não exagere no orégano, pimenta ou ovos. Eu digo que sim, mas exagero nisso e mais um pouco sem que ela perceba, no final fica sempre bom mesmo...
Ligamos o som e ouvimos música sertaneja brega; ela me dá alguma diga prática sobre casa e cozinha e eu comento sobre algum "babado fortíssimo" enquanto belisco alguma coisa; lembro-me do livro que estou procurando e nunca acho, ela diz que também vai procurar nas livrarias; terminamos o almoço; meu pai chega dizendo que reecontrou fulano e fulana não sei aonde; alguma coisa na televisão nos chama atenção, assistimos; minha mãe põe a mesa avisa:
- Tá na mesa! Venham logo se não vai esfriar!!!
Vamos lentamente, tentando adiar o momento mais esperado do dia e que insiste em se aproximar. Sentamos à mesa cada um em seu lugar e então eu penso: é o almoço de domingo!

Mundo paralelo  

Posted by: Liz Silveira


Estar parada é frustrante; inquietante.


Estar numa situação forçada em que damos voltas em torno do nosso prórpio eixo em busca de soluções rapidas e práticas que nos fisguem disso gera batalhas pessoais. Parece pecado o desperdício de energia e idéias dentro de um corpo e mente jovens, loucos para aflorar diante de desafios e oportunidades. Recrimino a frase "um dia aparece". O caramba que aparece, para mim o correto seria "quem procura acha." Pois bem... seria.


Diante de tudo, penso que esses momentos de ócio (o famoso nadismo, como costumo chamar) são importantes para que nos reinventemos. E, enquanto mulher da nova geração - é o que somos, aceitem - percebo que conquistamos direitos e liberdade, mas também acumulamos funções. Analisando este quadro é óbvio que preceitos e valores entrem em parafuso: o que é mais importante? O que eu penso sobre isso? Será que sou essa aí do espelho ou aquela que me mandaram ser?


Estas questões independem da idade. Assim como tudo na vida (relacionamentos, por exemplo), é preciso se redescobrir e se reinventar. Ingressar em viagens íntimas em busca de respostas e perceber que ainda mais perguntas surgirão.


O ser humano é um eterno mutante. Não me refiro a caráter ou personalidade e sim a maneiras de agir e pensar. Isso vem com o tempo... com os acontecimentos, frustrações e alegrias. Bem, antes que eu continue aqui dando uma de Marx e filosofe a tarde inteira...


- Ao mundo lá fora tenho em paralelo o mundo meu. Quanto mais quieta e concentrada em mim, quanto mais perguntas, respostas e afins, enxergo:


Ai, que delicinha de ser, de viver...